quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Persuasão

« "Não posso continuar a ouvir em silêncio. Tenho que falar consigo pelos meios que estão ao meu alcance. Trespassa-me a alma. Metade de mim é angústia, a outra metade é esperança. Não me diga que é demasiado tarde, que sentimentos tão preciosos morreram para sempre. Ofereço-me de novo a si com um coração que ainda é mais seu do que antes, quando quase o despedaçou há oito anos e meio. Não ouse dizer que o homem esquece mais depressa do que a mulher, que o amor dele morre mais cedo. Eu não amei mais ninguém além de si. Posso ter sido injusto, fui fraco e despeitado, mas inconstante, nunca. Só a Anne me trouxe a Bath. Só por si penso e planeio. Não viu isso? É possivel que não tenha compreendido os meus desejos? Eu nunca teria esperado nem mesmo estes dez dias se pudesse ter lido os seus sentimentos, como penso que deve ter lido os meus. Mal consigo escrever. Oiço a cada instante lguma coisa que me subjuga. Você baixa a voz, mas eu consigo ouvir os seus tons, mesmo que eles escapem a outros. Oh, criatura demasiado boa, demasiado excelente! Faz-nos realmente, justiça. Acredita que existe verdadeiro afecto e constância entre os homens. Acredite que eles são o mais ferverosos e firmes que é possivel no
F. W.
Tenho de ir, incerto quanto ao meu destino. Mas voltarei aqui, ou acompanharei o seu grupo, o mais depressa que possa. Uma palavra, um olhar, bastará para decidir se entro nesta noite em casa de seu pai, ou nunca."
Uma carta daquelas não era coisa de que fosse possível refazer-se rapidamente.»

E não era mesmo... Bolas, as cartas que Jane Austen escreve nos livros dela são poderosas!!
Amei o Persuasão, para variar... O amor no século XVIII devia ser hilariante!!!
Mas pelo menos havia amor...

1 comentário:

Angela disse...

Simplesmente lindo...
E tens razao no que dizes... mas ao menos havia amor...